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quarta-feira, 14 de março de 2012

cronica - Teoria do espelho


A Teoria do espelho
Para os jornalistas, este tema soa familiar. Surgida nos Estados Unidos, na década de 20 do século passado, procura compreender porque as notícias são como são, e explica que elas são do jeito que são porque a realidade assim as determina. Desta forma, a imprensa funcionaria como espelho do real, refletindo os acontecimento do cotidiano, cabendo ao jornalista o papel de mediador neutro e imparcial da realidade observada.
Em um exercício de transposição, colocamo-nos em frente ao espelho. Vamos imaginar que tenhamos, à nossa frente, uma superfície muito lisa, plana, com alto índice de reflexão da luz. O que enxergamos? Os raios luminosos que partem de um objeto, percorrem uma trajetória angular, refletem-se na superfície do espelho e atingem nossos olhos permitindo assim a reflexão de nossa imagem. Mentalmente prolongamos os raios refletidos, em sentido contrário, para trás do espelho, e visualizamos uma imagem virtual, com a mesma forma, tamanho e simetria, e lateralmente invertida. Ainda fixados na imagem do espelho, nos transportamos para 600 a.C., e com uma pedra vítrea vulcânica de cor negra, a obsidiana, produzimos as primeiras superfícies reflexivas. Cobre, bronze, prata, ouro e até chumbo foram sendo utilizados para produzir minúsculos e pesados espelhos. Encontramo-nos agora admirando o grande espelho de metal em Pharos, o farol de Alexandria, refletindo a luz do sol e, à noite, o fogo.
Voltemos à imagem refletida no espelho. Agora somos crianças, e ao fundo enxergamos Alice retornando ao mundo da fantasia. Em nossas mãos pegamos o espelho mágico de Branca de Neve, e não existe ninguém mais belo que nós. Soltamos o espelho a tempo de não sermos consumidos qual Narciso pelo próprio reflexo. Presos no Reino do Espelho, criaturas obrigadas a dormir por magia, aguardam o momento de se libertar para guerrear com nosso mundo real. Por um momento invisíveis, tornamo-nos vampiros. Espelhos conectam-se com as almas, e quebrá-los produzem sete anos de azar, tempo necessário para a regeneração da alma. Em almas ainda não desenvolvidas, como as de bebes com menos de um ano, olhar no espelho pode gerar gagueira. O espelho também tem o poder de prender a alma que está morrendo, e deve ser coberto quando algum parente próximo morre. Para chamar uma pessoa morta, coloque-se na frente de um espelho com uma vela nas mãos na noite de Ano Novo. Arquimedes utilizou uma rede de espelhos para defender Siracusa dos ataques da marinha romana, incendiando os navios dos invasores com o foco produzido com espelhos utilizando os raios de Sol.
Utilizando a metáfora da Teoria do Espelho e os fundamentos e conceitos óticos das propriedades físicas do espelho, poderíamos tentar traçar um paralelo com a condição humana.
A superfície plana que reflete nossa imagem, mesma forma e tamanho, quase um clone de nós, estaria na realidade projetando o reverso de nossa personalidade, médico e monstro mas, para nosso alívio, figura virtual, simétrica e inalcançável.
Nossa imagem no espelho é somente uma impressão de luz, e não um reflexo de nós mesmos, na perspectiva do espelho. Como a luz é invisível até ser refletida em algum objeto que o difunda, são nossos olhos que interpretam o que acontece quando a luz atinge uma superfície irregular.
Mas, e os espelhos esféricos, côncavos e convexos, que papel representariam na formação de nossa personalidade. No primeiro, a superfície refletora é interna, ou seja, nossa alma, foco principal do espelho e, no segundo, externa, ou nossa aparência visível que, coincidência ou não, projetam uma imagem levemente distorcida sempre menor e no mesmo sentido.
 Como subsídio à nossa análise, poderíamos acrescentar os espelhos não reversivos, que refletem a imagem real, sem distorções; os espelhos acústicos, que distribuem som em vez de luz; e os espelhos de duas direções.
Os fenômenos óticos também têm importância na formação do caleidoscópio do ser humano. Reflexão regular representa o paralelismo da imagem que projetamos e que retorna a nós. Na reflexão difusa, a imagem que se propaga retorna perdendo o paralelismo, espalhando-se em todas as direções. A refração representa a propagação da imagem sobre a superfície, e a absorção faz com que a imagem não se propague ou retorne.
Retomando a Teoria do Espelho, seríamos meros transmissores da realidade que observamos? Ou refletiríamos difusamente a realidade, acrescentando à transmissão todo tipo de informações e vozes a partir de nossa recepção? Ou absorvemos a realidade, retendo-a para nós? Côncavos ou convexos, planos ou esféricos, em qualquer um há distorções do fenômeno refletido, dependendo do centro da curvatura, produzindo uma imagem maior, menor, invertida, virtual, em um caleidoscópio de combinações, em que uma pequena combinação de reflexos pode vir a produzir distorções gigantescas. Independente de nossa opção, cuidado com os reflexos da realidade, pois o que vemos as vezes são ilusões de ótica, e limpar o espelho não é suficiente.


2 comentários:

Unknown disse...

Super legal>

Anônimo disse...

Muito legal!!Diferente.Estou te seguindo beijos.

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