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terça-feira, 1 de maio de 2012

Cronica - Reciclar o Meio Ambiente

Reciclar esta na moda. Como já esteve a alimentação natural, as academias, o videocassete, e até o John Travolta.

O tema é reciclar, separar resíduos orgânicos e inorgânicos, plásticos de latas e garrafas, papéis de restos de comida.

O despertador nos expulsa do paraíso. Acordamos com muita relutância em abandonar nossos lençóis cem por cento sintéticos, calçar nossos chinelos de borracha indeformável e indissolúvel, dirigirmo-nos ao nosso banheiro, onde acenderemos as lâmpadas que obrigarão nossos governantes a desmatarem florestas e desviarem cursos de rios para produzir a energia por nós desperdiçada, abriremos as torneiras do lavatório que extinguirão a água potável do planeta, sentaremos em nosso assento plástico acolchoado derivado de petróleo, produziremos o número um e o número dois que, depois de diligentemente conduzidos pela empresa estatal responsável pelo encaminhamento dos dejetos humanos ao fio de água mais próximo, poluirão nossos rios e, desta forma, matarão os peixes e outras espécies de vida que ainda não tenham sido dizimadas pelas nossas indústrias.
Retornamos ao quarto pisando suavemente em lâminas de madeira produzidas pelo desmatamento desenfreado e irresponsável e, abrindo as portas de nosso armário, escolheremos roupas produzidas pela exploração do trabalho escravo em algum país asiático e calçaremos nossos sapatos em couro natural de algum animal abatido para tal fim. Desceremos os degraus de nossa escada em granito de alguma extração clandestina em algum estado do nordeste e, chegando à sala de jantar, contribuiremos com a diminuição da camada de ozônio, utilizando o controle remoto do ar-condicionado. À mesa, nos aguardam várias porções de alimentos industrializados como leite longa vida desnatado e estabilizado, conservado em atraente embalagem tetrapak, cereais desidratados com toda a tabela periódica em anexo, sucos com aroma natural da fruta sem a presença da mesma, farináceos de origem indeterminada, e uma maçã que, de tão sufocada por agrotóxicos, ruboresceu e intumesceu.

Apanhamos a chave do carro que, solitariamente, conduziremos em meio às descargas de monóxido de carbono até nosso escritório, que dista longínquas duas quadras de nosso lar. Pensamos por um momento no nababesco buffet executivo que nos aguarda para o horário de almoço em algum restaurante da moda, sem lembrarmos das toneladas de alimentos desperdiçados nos fast foods do mundo.
Quase esquecemos o celular 3G, e-books, I-pad, net e notebook e sua parafernália de componentes não recicláveis e cancerígenos. Programamos o microondas, a televisão, as cortinas e o alarme de nossa casa inteligente e, com o pé na porta de entrada, lembramo-nos que hoje é dia do lixo seco, retornamos para recolher os dois saquinhos de supermercado, nossa valorosa contribuição para a preservação do meio ambiente.


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